20 de dez. de 2010

Monólogo do Tempo


Antes escrevia cartas que chegavam pelo correio, hoje chegam por e-mail. Mandava flores por mim mesmo, agora tenho entregador. Dizia juras de amor ao pé do ouvido, telefone, é meu esconderijo. Dava bom dia, boa tarde e boa noite para qualquer desconhecido. Nunca precisei de mediadores, e agora por algum motivo totalmente desconhecido por mim faço todas essas coisas ao contrário. Tudo tão perto e distante. Não há mais paciência... paciência...
Acho que perdi a paciência para a própria paciência há algum tempo...
talvez...
Meio atordoado estou, talvez... É que é tão complicado entender porque as relações se tornam tão... superficiais, e ainda assim causam algum tipo de abalo sísmico no peito. Ainda prefiro as noites com luar, ainda prefiro cartas de amor, ainda prefiro afagos com toques, reais.
Romântico demais? Acho que não.
Talvez seja isso que as pessoas necessitam.
Eu sei que eu estou passando, e cada vez mais rápido, por cabos e mais cabos, de vários tamanhos e formatos, e as vezes até sem os
próprios cabos!
Eu estou passando... E as pessoas estão esquecendo...
esquecendo que mais importante que a velocidade é o que se deixa comigo. E já não me deixam mais nada que se possa suspirar, só o cansaço de sempre ter que correr. Eu queria poder parar de novo para refletir, descansar, tirar os sapatos e me deitar. As vezes só aproveitar o que deixam escrito em mim, mas é tanto trabalho... tanta corrida...

Eu estou ficando sem tempo.

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